segunda-feira, 18 de junho de 2012

Se o mundo fosse uma rosquinha

POR BRUNA AGUIAR

Era por volta das onze horas da manhã do dia 15 de junho, quando participantes da Cúpula dos Povos foram avisados que teriam a presença de uma ilustre palestrante. Kate Raworth, pesquisadora sênior da Oxfam GB, organização internacional que trabalha com desenvolvimento sustentável, vinha pela primeira vez ao Rio de Janeiro, convidada pelo Fórum Brasileiro de Ongs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento. O tema de sua palestra? Como podemos discutir o futuro da humanidade comparando-o a uma rosquinha. Isso mesmo.

O título da atividade – “Um espaço seguro e justo para humanidade: podemos viver dentro de uma rosquinha?” – era digno de piadas, mas o método de análise que compara o mundo e seus problemas a uma deliciosa rosquinha ofereceu uma forma útil e inovadora de pensar as dificuldades para alcançar a sustentabilidade do planeta. A rosquinha nada mais é que uma forma inteligente de enxergar o mundo quando o cenário é de exploração pouco consciente e de desigualdade crescente. Segundo Kate, funciona como uma “bússola”, facilitando o entendimento de como estão integrados os problemas socioambientais e a percepção do sentido de que devemos fazer planejamentos econômicos e políticos para o futuro.

O diagrama abaixo esquematiza as principais ideias do modelo. Assim, movendo-se para o interior da rosquinha, a humanidade está desrespeitando os limites sociais que devem ser preservados para uma vida digna e com oportunidades básicas. Caminhando rumo ao exterior, por outro lado, estará explorando os recursos naturais para além de seus limites.




Raworth sublinhou alguns pontos que mostram como estamos infringindo as bordas de nossa roaquinha. Ela chamou a atenção para o caso da fome: para que seja eliminada do planeta, seria exigida uma parte pequena do abastecimento global de alimentos, que hoje é consumida em excesso ou desperdiçada. Ao mesmo tempo, no que diz respeito so limite ambiental, já teríamos infringido três importantes fronteiras: amudança climática, a perda da biodiversidade e o uso do nitrogênio.



O modelo construído pela Oxfam sugere que cada cidadão deve se perguntar como podemos pensar a “realidade rosquinha” no nível local, nacional e global. Hoje, apenas 11% dos mais ricos são responsáveis por 50% das emissões de carbono. “As pessoas precisam saber o quão desigual é o mundo”, disse Rawoth. Para ela, só assim mudaremos nossa forma de pensar a ponto de começarmos a mudar.

Para maiores informações a respeito do projeto e para o envio de críticas e ideias que ajudem a pensar o futuro do planeta a partir da análise apresentada – isto é, como uma rosquinha –, Kate Raworth criou o site "Doughnut Economics"
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