POR MIRIAM PAÇO
Depois de dias discutindo as causas estruturais da crise mundial e as falsas soluções para os problemas ambientais, foi a vez da sociedade civil definir as soluções verdadeiras. Na plenária realizada na tarde do último domingo (17), os principais pontos levantados foram a propriedade da terra, o direito à livre comunicação e a dívida pública brasileira. O objetivo, com essas definições, é construir agendas de luta dos movimentos sociais para os próximos anos.
Antes de discutir propostas, todos confraternizaram entre si |
Representando as comunidades indígenas, Clayton Thomas-Muller, da Mathias Colomb Cree Nation, chamou atenção para as indústrias extrativistas que desalojam comunidades inteiras para exploração de petróleo e alertou para a privatização das florestas que vem ocorrendo no Canadá e em outras regiões do mundo, inclusive na Amazônia. “O Banco Mundial está tentando privatizar nossas florestas e nossas terras para vender em troca de carbono. Isso leva à retirada dos índios de forma muito violenta”, criticou. Uma das propostas é a formulação de uma lei de consulta prévia para projetos futuros, que consulte as comunidades locais sobre possíveis riscos.
No momento em que a assembleia deliberava suas decisões finais, a Rádio Cúpula foi fechada pela Anatel. A medida, que viola o livre direito à comunicação, não só foi criticada como serviu de exemplo para o debate, que trouxe os resultados do II Fórum Mundial de Mídia Livre realizado no último final de semana na UFRJ. Entre as propostas apresentadas estavam a articulação das mídias livres com os movimentos sociais e o incentivo ao desenvolvimento de softwares livres.
Sociedade civil luta contra a mercantilização de bens comuns |
Os participantes ainda porpuseram outras linhas de atuação. Entre elas, a oposição à militarização das cidades, a elaboração de uma cartografia social, o investimento em economias solidárias e em bioconstrução e o manejo comunitário das florestas, da água e de outros bens. Essas ainda não são as resoluções finais da Cúpula, que volta a se reunir nesta segunda-feira, dia 18, para elaborar um documento que será levado para as três assembleias dos povos, que acontecerão entre os dias 19 e 22 de junho.