POR MIRIAM PAÇO
O cheiro de chocolate chamava a atenção de quem percorria a Cúpula dos Povos neste domingo, dia 17. Um estande, em especial, estava cheio. Era lá que, ao ar livre, todos queriam experimentar o sabor de sementes frescas de cacau orgânico que estavam sendo distribuídas por Joelson Ferreira de Oliveira e outros membros do assentamento baiano Terra Vista. O objetivo do grupo era mostrar que é possível ser mais sustentável com atitudes simples. “Queremos mudar e passar a cuidar da natureza, ter uma relação integral com ela”, afirmou Joelson.
Envolvidos há mais de duas décadas no projeto, há apenas doze anos eles contam com conhecimento qualificado e investem na educação de jovens e adultos. Em parceria com os colégios Florestan Fernandes e Milton Santos, oferecem cursos de informática, agroecologia, meio ambiente, zootecnia, agroextrativismo e agroindústria, além de dar conta da educação infantil. “Entendemos que não basta só ocupar a terra. É preciso ter educação, ciência e tecnologia”, defendeu. “Junto à Mata Atlântica, estamos conseguindo construir uma sociedade convive pacificamente com a natureza”
Joelson e os demais chegaram à Bahia em 1992 e encontraram as terras impestiadas de fungos e destruídas pelo desmatamento. Desde então, os assentados vêm trabalhando na recuperação das matas ciliares e das nascentes. Para isso, o investimento em educação vai além dos cursos técnicos. “Nosso objetivo é fazer com que os mais velhos tenham pelo menos o segundo grau completo e ganhem cinco salários mínimos, enquanto os jovens vão para as universidades.” De acordo com Joelson, a autossustentabilidade pode ser atingida nos próximos quinze anos.
Para ele, a interação com a Cúpula não só está sendo positiva, como está mostrando que as pessoas estão mais preocupadas com as causas ambientais, o que fará toda a diferença na Rio+20. “Para alcançar o desenvolvimento sustentável, é preciso deixar de conversa e partir para a prática. Acredito na população, não nos governos. Vejo indígenas vindo com uma força extraordinária, assim como os negros. Quando as pessoas agarram isso, independente de governo, a coisa acontece”, afirmou