segunda-feira, 18 de junho de 2012

Paraná aposta em parcerias público-privadas

POR MIRIAM PAÇO

O modelo de sustentabilidade aplicado no Paraná foi considerado ambicioso e exemplo de sucesso entre os empresários do Fórum Empresarial da Rio+20 no último sábado (16). Inspirado pela Agenda 21, o projeto “Aliança Nosso Paraná Sustentável” é baseado na articulação entre governo, sociedade civil e indústria e foi lançado oficialmente no evento. “Uma iniciativa em rede precisa de atores que compreendam a importância da cooperação. O Paraná, nos últimos vinte anos, buscou compreender formas de cooperação para ações locais participativa”, afirmou Eduardo Manoel de Araújo, da Secretaria Regional do Programa Cidades no Paraná.


A iniciativa atua nos segmentos político, econômico e ambiental, de forma descentraliza na busca por uma economia criativa e solidária e pela gestão de microbacias e desastres ambientais. Um exemplo do que está sendo feito, de acordo com o diretor-geral de Itaipu, Jorge Samek, é a utilização de dejetos de porco como fonte alternativa de energia a partir da transformação em biogás. “O que antes contaminava nossos lençóis freáticos, agora produz energia e acaba com o problema do metano, que existe em altas concentrações nos dejetos”, disse Samek.

Outra iniciativa é o reflorestamento das margens do reservatório da hidrelétrica e o incentivo de proteção da mata ciliar pelos produtores. O presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Mounir Chaowiche, apresentou também mudanças promovidas no campo habitacional. De acordo com ele, famílias que viviam em casas irregulares foram transferidas para regiões melhores, enquanto as favelas deram lugar a parques ambientalmente desenvolvidos.

No entanto, apesar de parecer inovador, o projeto ainda se restringe apenas ao Paraná. Para Eduardo Araújo, o que falta no país é saber como se articular. “Não temos a gestão pública como uma carreira de competência reconhecida, por isso temos uma fraqueza nesse segmento. Por outro lado, temos uma excessiva competência das empresas de gestão. Nossas empresas ainda não compreenderam que precisam entender as cidades onde estão, para se posicionar mais estrategicamente na solução dos seus problemas”, declarou.

No entanto, ainda segundo Eduardo, esse cenário pode estar mudando. Estados como São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo já demonstraram estar buscando articulação. Quanto aos custos, ele afirma não haver falta de recursos, mas falta de informação. O dinheiro vem de emendas populares criadas pelo governo federal para as cidades. “Constatamos que, dos 159 milhões que vieram para os municípios, apenas 50 milhões foram usados e o restante, devolvido. No entanto, muitas cidades não sabiam que esse dinheiro estava disponível. Outras não tiveram a compreensão de como articular.”
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