quarta-feira, 20 de junho de 2012

Indígenas criticam projetos do BNDES

POR FREDERICO VREULS

Narúbia Karajá
Em protesto, indígenas ocuparam os jardins do Banco Nacional de Desenvolvimento Social nesta segunda-feira (18). O grupo, que se reuniu no Acampamento Terra Livre, na Cúpula dos Povos, acusou o BNDES de financiar empreendimentos que desrespeitam suas populações e terras. “Passamos muito tempo organizando assembleias, preparando documentos e levantando discussões. Agora, estamos aqui para ações concretas”, disse Narubia Karajá, coordenadora da Secretaria de Cultura Indígena do Estado de Tocantins.

A mobilização, que partiu da iniciativa de Neguinho Truká, liderança pernambucana do grupo, teve grande adesão. Apesar disso, para o cacique Luis Salvador, do Rio Grande do Sul, o movimento indígena ainda está muito acomodado. “Antes nos matavam a tiro. Agora, querem nos matar a caneta”, ironizou. Entre as denúncias feitas ao banco, encontram-se o financiamento à construção de hidrelétricas, portos e usinas, além de plantações de eucalipto, soja e cana de açúcar em territórios indígenas. De acordo com Neguinho Truká, esses empreendimentos são realizados sem consulta prévia.

Depois da passeata, representantes da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil se reuniram com o vice-presidente e a diretoria do BNDES. Foi firmado um compromisso de estabelecer um canal de comunicação entre o banco e os indígenas. Para isso, o movimento deverá eleger uma comissão de cinco pessoas correspondentes a cada região do país. Nem todos, no entanto, aprovaram o resultado da negociação. “O modelo não assegura o desenvolvimento de nossa cultura e ainda dá prioridade aos grandes empresários, grileiros, madeireiros e multinacionais”, criticou o pataxó Araticum.

Segundo Neguinho, os investimentos não são impedimentos para melhorias na condição de vida para os índios. “Porque não se criam programas pela vida e ações positivas então?”, indagou. O BNDES também é alvo de denúncias de outros setores da sociedade civil organizada. Dados do Instituto Mais Democracia contabilizam investimentos de US$ 737 milhões na usina ThyssenKrupp CSA, US$ 200 milhões em obras de megaeventos esportivos e US$ 11,7 bilhões na usina hidrelétrica de Belo Monte. São projetos que estão ligados a denúncias de violações de direitos humanos ou de impactos ambientais.
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