terça-feira, 19 de junho de 2012

Por uma cultura florestal

POR JONAS MOURA

A importância de estabelecer uma cultura agroflorestal foi a mensagem que a Articulação Xingu Araguaia (AXA) deixou nesta segunda-feira (18) na Cúpula dos Povos. Desde 2007, o grupo atua na área de transição entre o Cerrado e a Amazônia, no nordeste do Mato Grosso. O principal objetivo é reunir esforços para criar alternativas sustentáveis de manejo da terra, recuperar áreas degradadas e estabelecer formas de geração de renda sem derrubar a mata nativa.



Movida pela expansão da fronteira agrícola, em especial da soja, a região de encontro dos rios que dão nome à organização convive com conflitos fundiários intensos. Os índios Xavante de Marãiwatsédé reivindicam a posse de suas terras que vêm sendo tomadas pelo processo de grilagem. O cacique Damião pressionou pela rápida retirada de ocupantes não indígenas do local, conforme a decisão judicial determinada em maio.

O evento prosseguiu com a apresentação de iniciativas à sociobiodiversidade. “É preciso desmistificar a ideia de que só se pode gerar dinheiro derrubando floresta”, afirmou Rodrigo Junqueira, membro do Instituto Socioambiental, organização que compõe a AXA.

A Rede de Sementes do Xingu é formada por cerca de 300 famílias que coletam sementes de espécies nativas e vendem para que pessoas com passivos ambientais possam replantar outras árvores. Com a atividade, segundo Rodrigo, foi gerada diretamente pelas famílias uma renda de 720 mil reais ao longo de cinco anos.

Ele destacou ainda o maior reconhecimento de quem trabalha na região. “Hoje essas pessoas começam a fazer história dentro e fora da sociedade local. São os verdadeiros professores da cultura florestal que a gente pretende disseminar.” Rodrigo reconheceu que o caminho ainda é longo, mas acredita que os aprendizados já são de grande relevância. “Se nós não soubermos sistematizar esse pouco, certamente nunca seremos capazes de fazer o muito que é necessário”, completou.
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