POR FREDERICO VREULS
Em um contexto histórico único, o Acampamento Terra Livre (ATL), organizado tradicionalmente pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, chega a sua nona edição. Inserido na Cúpula dos Povos, o ATL é o espaço no qual o movimento indígena estará presente, somando forças com outras organizações sociais nos debates da Rio+20.
A maranhense Sônia Guajajara afirmou que o evento tem a intenção de tornar visível à opinião pública os problemas de violação de direitos dos povos tradicionais, além de revelar a diversidade e a riqueza dessas culturas. “Não há ninguém melhor do que os povos indígenas para mostrar o que é sustentabilidade”, disse Sônia.
Otaniel Ricardo, da tribo guarani-kaiowa, que fica no Mato Grosso do Sul, também frisou o caráter de denúncia do evento e importância da preservação dos recursos naturais, reivindicando a demarcação de terras indígenas. “Estou aqui para compartilhar a angústia e o sofrimento a que somos submetidos. É pela terra que nós construímos nossa educação, nossa língua e nossa autonomia. Esse é um governo anti-indígena”, atacou.
O ATL 2012 conta com a presença de movimentos indígenas de toda América Latina. A diversidade marca a luta pelo fortalecimento de uma unidade, já que hoje todos se identificam como populações originárias do continente americano, apesar de cada região ter sido colonizada de forma diferente.
Na luta por diversas bandeiras em comuns, eles se autodenominam “parentes” e abraçam a denominação “índio”. “Os índios estão caminhando, os índios estão se mobilizando, os índios estão vivos”, proclamou Miguel Palacín, coordenador geral da Coordenação Andina de Organizações Indígenas.