sexta-feira, 22 de junho de 2012

Esquerdistas criticam capitalismo verde

POR CAROLINA CARVALHO

O modelo econômico das grandes potências foi criticado nesta quinta-feira (21), na Cúpula dos Povos. Segundo os participantes da mesa “A esquerda latino-americana e o debate sobre o desenvolvimento sustentável”, o capitalismo é o responsável pelo esgotamento dos recursos naturais do planeta, e os mais prejudicados são os países menos desenvolvidos.

Para o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, a Rio+20 está ocorrendo no momento em que o capitalismo chega ao seu limite. Segundo ele, os países ricos empurram o ônus da crise para os países em desenvolvimento. “O capitalismo não se desenvolveu sobre pressupostos sociais”, afirmou Renato, que considera a natureza concentradora do sistema o motivo da crise. “Não podemos nos deixar iludir com os países ricos usando roupagem ecológica.”

Juan Canessa, diretor de Desenvolvimento Ambiental da prefeitura de Montevidéu, também se manifestou contra a atitude dos países centrais em relação à natureza. “A posição dos Estados Unidos é imperialista”, disparou. Segundo o uruguaio, a crise do capitalismo transforma em mercadoria bens que antes eram impensáveis de serem comercializados, como o meio ambiente.

Se a crise permite que os países desenvolvidos pintem de verde o mesmo modelo econômico, ela propõe a países em desenvolvimento, como o Brasil, alguns desafios. Um dos principais, de acordo com o presidente do PSB-RS, Caleb de Oliveira, seria a criação de condições para que as nações se desenvolvam respeitando suas próprias características. Para ele, os países da América do Sul vivem um momento político importante, pois conseguiram provar aos governos neoliberais anteriores que sua administração não resolveu os problemas mundiais. “Mudamos o discurso hegemônico”, assegurou. “O discurso dos anos 90 era falso, pois conduzia à acumulação de renda, à miséria e ao esgotamento dos recursos.”

Para que o desenvolvimento seja realmente sustentável, segundo os participantes, as ideias não devem partir apenas das grandes potências mundiais. Eles acreditam que é preciso um processo educativo para que a questão ambiental seja entendida verdadeiramente, e o povo deve participar da discussão sobre a chamada economia verde. “Não queremos discutir a sustentabilidade só em termos de economia, mas no que diz respeito à vida do povo”, resumiu Victoria Donda, deputada nacional e vice-presidente da Comissão Parlamentar argentina sobre Mineria y Ambiente. Ela foi ovacionada pelos presentes na tenda.
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