sábado, 23 de junho de 2012

Bachellet vem ao Rio em busca de uma agenda sustentável

POR BEATRIZ HUMPHEYS E THAÍS VIEIRA

Na última quarta feira (20), paralelamente ao processo de negociações sobre novas alternativas para as questões climáticas, ocorreram debates numa tenda ao lado dos pavilhões do Riocentro, que reuniram não só delegações e chefes de Estado. A mesa “Desenvolvimento sustentável num mundo desigual”, que contou com a participação da ex-presidente do Chile Michelle Bachelet, atraiu um público numeroso.

Em seu discurso, Bachelet, diretora executiva da Onu Mulher, reforçou a questão da igualdade de gêneros.“A voz das mulheres precisa ser ouvida. Precisamos de um mundo onde as mulheres constituam a força motriz na preparação para as gerações futuras”, defendeu.

Sobre os impactos da economia num mundo desigual, Bachelet sublinhou: “Os mercados não são livres, os mais pobres pagam por ele. Não se trata somente das grandes empresas, mas dos homens e das mulheres que nelas trabalham”. Ao fim de sua fala, Michelle Bachelet revelou que “todas as mulheres querem resultados positivos da Rio+20”, concluindo que “estamos no Rio para iniciarmos uma ação, mas com a estrutura de uma agenda sustentável”.

Michelle Bachelet na mesa de debate

Um ponto em comum entre os participantes da mesa girou em torno da proposta de novos modelos para o desenvolvimento. De acordo com Angel Gurría, secretário geral da OECO, o crescimento sustentável não é uma contradição, pois a destruição do meio ambiente reflete diretamente nos mais pobres. Gurría chamou a atenção para a precária condição de vida de grande parcela da população. “Como podemos falar em igualdade se muitos não têm acesso sequer aos serviços sanitários mais básicos?”, provocou.

Para Mary Robinson, presidente da Irlanda, os paradigmas vigentes já não correspondem aos novos desafios e demandas. Segundo ela, deve-se preservar o conceito de sustentabilidade. Aplaudida pelo público, Robinson concluiu: “O que há de errado com nós, seres humanos? Não conseguimos ver que precisamos de novos paradigmas?”.

A secretária geral da International Trade Union Confederation, Sharan Burrow, destacou a necessidade de novas alternativas serem postas em prática. Ela criticou a falta de comprometimento das autoridades com a implementação de mudanças. “Países têm medo de cooperar entre si”, disse. Sobre o atual paradigma de desenvolvimento, a secretária afirmou que apenas 11% do mundo tem dinheiro suficiente para ajudar as economias em crise.

Para Burrow, a democracia é um “modelo quebrado”. Ela defende que a proteção social seja mantida nos Estados e que o desenvolvimento sustentável é o único caminho para a igualdade. “Devemos reconstruir a verdade”, concluiu.
Comentários
0 Comentários

0 comentários:

Postar um comentário