segunda-feira, 14 de maio de 2012

Cinema em sala de aula

Ex-aluna de Rádio e TV, Carolina Real trocou a carteira pelo quadro-negro

POR PEDRO MUXFELDT

Passava das 15h de uma tarde de janeiro quando a ex-aluna de Rádio e TV Carolina Real chegou sob forte chuva à portaria da Eco. Aos 27 anos, ela tem um sorriso largo e os cabelos negros na altura dos ombros. Longe da escola desde o final de 2008, quando se formou, ela logo se impressionou com a melhora de infraestrutura do Palácio Universitário. “No meu tempo as coisas não eram assim”, comentou, enquanto reparava nas televisões de tela plana e nos aparelhos de ar condicionado, presentes em quase todas as salas.

Desde o segundo ano de faculdade Carolina já trabalhava. O conselho que deu para quem está cursando Rádio e TV atualmente é encontrar um nicho de atuação que melhor se encaixe com suas habilidades e áreas de interesse para, a partir daí, buscar estágios dentro do setor. Ela, por exemplo, escolheu a habilitação por causa de seu gosto por cinema. Mas, já no primeiro trabalho, como mediadora de visitas guiadas do Centro Cultural Banco do Brasil, surgiu o interesse pela educação. Depois de um ano no CCBB, foi trabalhar como pesquisadora de novas exposições na Casa da Ciência, ligada à UFRJ.

O interesse pela relação entre cinema e educação ganhou força em 2008, quando se tornou coordenadora pedagógica do Cinema para Aprender e Desaprender, projeto de pesquisa e extensão da faculdade que trabalha com os alunos do Cap UFRJ em produções audiovisuais. Hoje, a ex-aluna é professora de práticas digitais no curso de produção audiovisual da Escola Adolpho Bloch. “Até o ano passado, trabalhava 60 horas, sendo 40 como editora de um site. Hoje são só 20 horas de escola e estou muito satisfeita”, avaliou. “Tenho estabilidade e tempo para outros projetos.”

Carolina foi bastante elogiosa à Eco. Sustentou que, de uns anos para cá, houve um bom desenvolvimento do corpo docente, especialmente de Rádio e TV, que hoje conta com professores mais sérios e capacitados. Mesmo assim, ela enxerga grande dificuldade para quem conclui a habilitação: a nomenclatura do curso.

O problema é que quem se forma pela Eco em Rádio e TV sai com diploma de “radialista”, o que faz a oferta de empregos diminuir. A própria Carolina passou por uma situação indigesta: quase foi recusada em seu emprego atual, pois radialismo não constava como possibilidade de curso dentro do edital da vaga. Por sorte, no dia da inscrição ela foi atendida por uma funcionária que entendeu a situação e a manteve na disputa. Hoje ela é favorável à prometida mudança de nome da habilitação para audiovisual.

Carolina atua também no campo de pesquisa. É mestre em educação pela Puc-Rio – optou por outra universidade pois a UFRJ não dispõe de uma linha ligada à educação. Ela tem planos de fazer doutorado, e acredita que a carreira acadêmica é uma boa alternativa para quem conclui a habilitação. Segundo a ex-aluna, há uma gama enorme de temas e universidades disponíveis. Mas o conselho é o mesmo: buscar um nicho partindo de suas áreas de interesse.

Entre lembranças da época de faculdade, Carolina concluiu que sua escolha foi acertada. “Tenho meu trabalho, a remuneração é justa e me sobra tempo para o lazer”, ponderou com um sorriso.Como todo mundo gostaria.
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