O professor Luiz Carlos Paternostro denunciou junto ao sindicato dos professores e ao Conselho de Ensino de Graduação (Ceg) alterações feitas em sua pauta, sem seu consentimento, por seu departamento. Setores da direção se indignaram com o docente, pois acreditam que ele tenha exposto a Escola desnecessariamente mesmo quando a situação já havia sido esclarecida. Para Paternostro, entretanto, a questão violava sua soberania e precisava ser exposta.
Neste semestre, ao conferir sua pauta, Paternostro, professor de Sistema da Informação de Dados do 3º período da Eco, percebeu que um aluno, reprovado por nota em 2011, constava no sistema como aprovado. Em outro caso, um aluno que aparecia como “inscrição trancada/matrícula trancada” na pauta original em 2010 também era tido como aprovado na versão atual do Siga. Inicialmente, o professor acreditou ter sido vítima de uma falha de segurança do sistema ou ação de hackers, por isso buscou explicações junto ao DRE, órgão responsável pelo Siga, e a Eduardo Refkalefsky, chefe do Departamento de Métodos e Áreas Conexas (Dmac), do qual faz parte.
No entanto, Paternostro descobriu que a nota do aluno foi equivocadamente modificada por Refkalefsky, quando este corrigia pedidos de revisão no final do semestre passado. Já no caso da matrícula trancada em 2010, o próprio estudante encaminhou um apelo por escrito ao Conselho Departamental (Condep) e, em reunião com presença da Comissão de Orientação e Acompanhamento Acadêmico, foi aprovado sem o consentimento de Paternostro. No primeiro caso, a situação foi facilmente contornada, bastando modificar a nota alterada pela correta, enquanto que, no segundo, o aluno colou grau este ano e a pauta já está fechada para qualquer modificação.
Em reunião realizada nesta quinta-feira, 26, pelo Dmac, Paternostro propôs que houvesse discussões pedagógicas para que as dispensas e concessões não parecessem benefícios. Reiterou seu pedido de retorno da pauta original, da maneira que foi feita por ele e reclamou por não ter recebido nenhuma notificação de que sua pauta havia sido alterada. Refkalefsky esclareceu que, como o caso já havia sido encaminhado ao Ceg pelo próprio Paternostro, o Demac, instância inferior ao Conselho, não teria autoridade para deliberações.
O vice-diretor da Eco, Amaury Fernandes, reafirmou o que já havia sido dito ao professor de Sistemas mesmo antes da publicação do jornal da Adufrj: de que houve um tratamento especial ao aluno com matrícula trancada, pois ele já havia sido reprovado na disciplina e precisava se mudar para São Paulo. Segundo Amaury, foi pedido direito de resposta ao Jornal da Adufrj, mas parte dela foi editada. O trecho esclarecia que Paternostro não se reportou formalmente ao gabinete e que, portanto, pulou instâncias ao se dirigir diretamente ao Ceg.
Na reunião, a pertinência do conteúdo da disciplina de Paternostro, chamada de “tecnicista em curso de humanas”, também foi questionada, o que não havia sido posto em pauta antes por falta de formalização dos alunos. O Caeco, entidade representativa dos estudantes com voto no Condep, deliberou e defendeu a reformulação da ementa da disciplina com a manutenção do docente no cargo, já que o consideram um dos professores “mais responsáveis” da Eco.
Como providência imediata, a pró-reitoria de Graduação decidiu dar fim às pautas em aberto indefinidamente, isto é, todas as notas com conceitos insuficientes (Is) passarão a zero. Além disso, todos docentes irão receber notificações do Siga sobre qualquer alteração feita em suas pautas.